Em meio ao turbilhão de transformações trazidas pela era digital, o marketing político emerge como uma arena de intenso debate ético e moral. O avanço tecnológico, especialmente a adoção da inteligência artificial, revoluciona a forma como as campanhas são conduzidas, oferecendo ferramentas poderosas capazes de mobilizar, sensibilizar e, infelizmente, até manipular o eleitorado. Esse cenário nos obriga a refletir profundamente sobre os valores que sustentam a democracia e sobre como podemos preservá-los frente às novas realidades.
A democratização da informação, ao mesmo tempo que empodera, apresenta desafios inéditos. A linha entre informar e manipular se torna cada vez mais tênue, colocando em xeque a integridade do processo eleitoral. A mobilização efetiva do eleitorado, um objetivo nobre de qualquer campanha, pode facilmente escorregar para a manipulação quando não ancorada em princípios éticos sólidos. Esse dilema ressalta a importância crucial de uma jornada eleitoral bem estruturada: começando pela sensibilização, passando pela motivação e culminando na mobilização consciente dentro da ética e lisura.
No entanto, obstáculos como a proliferação de fake news, a escassez de recursos financeiros e a falta de planejamento estratégico adequado ameaçam a eficácia e a honestidade desse processo. As fake news, em particular, representam uma ameaça direta à democracia, pois minam a confiança no sistema e distorcem o debate público, favorecendo a manipulação em larga escala.
Nesse contexto, surge a questão central: o que estamos fazendo para fortalecer a democracia? A resposta a essa pergunta vai muito além da mera participação em eleições. Envolve a promoção de um diálogo aberto e respeitoso, o compromisso com a verdade e a transparência, e uma postura crítica diante das informações consumidas e compartilhadas. A democracia é um exercício diário de cidadania, que se fortalece na diversidade de opiniões e na capacidade de dialogar e construir consensos.
Diante dos desafios apresentados, é imperativo que nós, profissionais envolvidos na estratégia, marketing e comunicação política abracemos um código de ética adaptado às exigências da era digital. Esse código deve priorizar a transparência, a honestidade e o respeito ao eleitor, reconhecendo que o sucesso eleitoral não pode se sobrepor aos valores democráticos. Afinal, como bem destacamos, quando uma disputa eleitoral é conduzida com integridade, independentemente de quem vence, a democracia sai fortalecida, e com ela, toda a sociedade.
Portanto, à medida que navegamos pelas águas ainda desconhecidas da era digital, nosso compromisso com a preservação dos valores democráticos nunca foi tão crucial. Cabe a cada um de nós, cidadãos e profissionais, desempenhar nosso papel na construção de uma sociedade mais informada, justa e democrática. No final das contas, a maior vitória é a manutenção da confiança e da fé no processo democrático, garantindo que, independentemente do resultado das urnas, a verdadeira vencedora seja sempre a democracia.
Neste artigo, convido a todos para uma reflexão profunda e um debate construtivo sobre como podemos, juntos, contribuir para o fortalecimento da democracia na era digital. A responsabilidade e desafios são grandes, mas o potencial para a mudança positiva é infinito. Temos uma parcela de responsabilidade em assegurar que a tecnologia seja uma aliada da democracia, e não uma ameaça.
Espero que essa leitura tenha proporcionado insights valiosos e estimulado reflexões sobre o papel que todos nós temos na preservação dos valores democráticos em nosso mundo cada vez mais digital.
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Christian Jauch é publicitário com mais de 20 anos de carreira, transito entre os mercados corporativo e político. Dentre minhas especializações acadêmicas, destaco as competências em branding, design, inovação, tecnologia, marketing político e comunicação governamental. No universo da comunicação institucional, atendi grandes marcas como Peugeot Brasil, MTur, Convention Bureau, empresas dos ramos de logística e terminais portuários. Já no campo político, atuo como coordenador e estrategista em campanhas eleitorais para os mais diversos cargos do executivo e legislativo, nas esferas municipais, estaduais e federais. Ainda sobre o trabalho com candidaturas, há 12 anos desenvolvo campanhas para eleições da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em minha região.