Era uma vez um Brasil sem voz feminina
Imagine um Brasil onde metade da população não tinha direito à participação política. Onde as mulheres, mesmo pagando impostos e contribuindo para a sociedade, eram silenciadas diante das urnas. Esse era o Brasil do século XIX e início do século XX.
A luta pelo voto feminino no país é uma história de resistência, protagonizada por mulheres que ousaram desafiar um sistema político que insistia em mantê-las à margem. Entre elas, nomes como Bertha Lutz, Leolinda de Figueiredo Daltro e Celina Guimarães Viana foram fundamentais para que, em 1932, o Brasil desse um passo decisivo rumo à igualdade política.
As primeiras sementes da revolução
Tudo começou antes mesmo do século XX. No final dos anos 1800, figuras como o escritor José de Alencar já defendiam publicamente o voto feminino. Em 1891, durante a elaboração da primeira Constituição republicana, parlamentares progressistas tentaram incluir o sufrágio feminino, mas suas propostas foram rejeitadas.
A luta, no entanto, não cessou. No início do século XX, a voz feminina começou a ganhar espaço nos debates públicos. Em 1910, Leolinda Daltro fundou o Partido Republicano Feminino, iniciando uma campanha intensa para garantir o direito ao voto.

As primeiras eleitoras do Brasil
O estado pioneiro na conquista desse direito foi o Rio Grande do Norte. Em 1928, Celina Guimarães Viana tornou-se a primeira eleitora do Brasil ao conseguir seu alistamento eleitoral. O impacto desse feito foi imediato e inspirou outras mulheres a reivindicarem sua inclusão no sistema eleitoral.
Mas a resistência era feroz. O Congresso Nacional, ainda dominado por uma mentalidade conservadora, tentou invalidar os votos femininos do estado potiguar. No entanto, a chama do movimento já estava acesa.
A grande conquista de 1932
Foi apenas em 24 de fevereiro de 1932, sob o governo de Getúlio Vargas, que finalmente o voto feminino foi reconhecido no Brasil. O Código Eleitoral desse ano permitiu que as mulheres participassem das eleições – ainda que com algumas restrições, como a necessidade de autorização do marido para as casadas.
Dois anos depois, a Constituição de 1934 ratificou o direito de voto feminino sem restrições de estado civil, consolidando essa vitória histórica.
Uma jornada que não termina
Apesar dessa conquista, a caminhada para a plena igualdade política não terminou. O voto feminino só se tornou obrigatório em 1946 e, mesmo assim, a representatividade das mulheres na política brasileira ainda é um desafio a ser superado.
Hoje, ao olharmos para as eleições, vemos mulheres ocupando cargos de liderança, mas ainda lutando contra barreiras estruturais. A luta daquelas pioneiras do século XX continua viva nas batalhas diárias por equidade e representatividade.
Conclusão
A história do voto feminino no Brasil não é apenas uma narrativa sobre direitos políticos; é um símbolo da resistência e da determinação feminina em conquistar seu espaço na sociedade. Em um momento de reflexão e celebração, é essencial lembrar dessas mulheres que abriram caminho para que, hoje, possamos falar em democracia com mais inclusão.
Como publicitário e especialista em Marketing Político e Gestão Governamental, Christian Jauch, este é um tributo às mulheres que transformaram a política brasileira.
Que essa história continue inspirando novas gerações a lutar por um Brasil cada vez mais justo e igualitário.